Benefícios do Exercício e Treino de Força


Falta de exercício é a maior causa de doenças crónicas, exercício pode ser usado como prevenção primária contra 35 doenças crónicas (35), e servir como terapia em 26 doenças crónicas (36).


Treino de força (com pesos) é significativamente associado a uma diminuição de mortalidade (37). Capacidade física melhoradas, força muscular e habilidade funcional podem ser alcançados em resposta e treino com pesos (38,39) e treino de peso combinado com exercício aeróbico (40-46).

Um grande estudo (400.000 pessoas) sugere que pessoas que exercitam uma média de 92 minutos por semana, ou 15 minutos por dia têm 14% menos probabilidade de morrer por qualquer razão (1). O risco de doença cardiovascular, diabetes e cancro pode ser reduzido com 15 minutos ou mais de exercício por dia. Infelizmente quatro das razões mais comuns para a falta de esses 15 minutos de exercício são falta de tempo, falta de energia, falta de motivação e falta de informação (e possivelmente desinformação).
             

Dor e doenças

Treino com pesos pode melhorar a gestão de dor, debilidade e qualidade de vida (2). O mesmo estudo sugere que exercícios cardiovasculares apenas melhoram a composição corporal ao reduzir os níveis de gordura corporal e melhorar a flexibilidade.

Treino com pesos pode também reduzir a dor no pescoço (3). Três sessões de 20 minutos por semana, focando em exercício para os músculos trapézios,  resultaram a uma incrível redução de 79% em sintomas de dor, e aumento de força em 29%.

Treino de força é útil para aumentar a força muscular na Doença de Parkinson, e numa magnitude inferior também em Esclerose Múltipla (47).

Densidade óssea.

Outro benefício é aumento da densidade dos ossos e um menor risco de osteoporose. Enquanto o esqueleto se adapta às forças nele aplicadas, quando um certo limiar é alcançado, ocorrem alterações na actividade celular que aumentam a força do osso.

Este efeito é conhecido como Efeito Piezoeléctrico: stress mecânico exercido por um tendão sob um osso gera uma voltagem. Devido ao stress, uma carga é então libertada de dentro das fibras de colágenio que atrai osteoblastos com carga oposta que são células responsáveis por nova formação de osso. Osteoblastos depositam minerais no local de forma localizada aumentando assim a densidade do osso.

Como consequência de falta de actividade física há uma redução da densidade dos ossos, contudo exercício regular pode reverter esse declínio.  

Exercício de alta intensidade (70-80%RM) promove maior formação de osso que intensidade moderada (40-60%), em populações idosas (48). Se cessarmos o exercício regular grande parte dos melhoramentos em massa muscular e densidade óssea é perdida. Isto é conhecido como o Princípio da Reversibilidade.

A meta-análise indicou que exercício preveniu ou reverteu aproximadamente 1% de perda de osso pro ano em adultos e mulheres adultas mais velhas (4). Uma revisão mais recente relevou que treino com peso aumentou a densidade mineral óssea em 1-3% em mulheres em pré-menopausa e pós-menopausa (5). Outro estudo de 2 anos (6) indicou que treino com peso resultou num melhoramento de 3.2% em densidade mineral óssea.

Uma nota importante é que a alteração na densidade é relacionada com diferentes respostas em diferentes ossos; os efeitos do treino são específicos ao local, ou localizados. Uma revisão mostrou que o treino com pesos é positivamente associado com densidade mineral óssea alta (7). O treino com pesos é mais eficaz que treino aeróbico e com peso corporal para aumentar a densidade dos ossos.

Tendões e ligamentos

Treino com pesos também fortalece tendões e ligamentos. Isto ajuda a estabilizar as articulações com efeitos benéficos amortecedores, e reduz o stresse na cartilagem articular nas extremidades dos ossos.

Inflamação, diabetes, obesidade e síndroma metabólico
 
Exercício é até anti-inflamatório em doenças crónicas como em doenças reumáticas (8). O músculo esquelético é um órgão secretório e liberta proteínas anti-inflamatórias chamadas miocinas. Estas miocinas circulam no sangue e comunicam com outros órgãos.

Treino com pesos melhora o controlo de níveis de açúcar no sangue, e afecta positivamente essas condições (9). Um programa progressivo de treino de pesos baixa a hemoglobina glicosilada – um marcador chave da concentração média de concentração de glicose no sangue a longo-prazo.

Noutra revisão o treino com peso é recomendado na gestão de obesidade e desordens metabólicas (10). Aumento de ritmo metabólico, melhoramento da sensibilidade a insulina (11,12,13,14), e melhor actividade simpática do sistema nervoso são possíveis meios pelos quais o treino com peso pode fazer diminuir as reservas de gordura intra-abdominais.

Há também melhoramentos no perfil lipídico (16,16,17). Uma revisão de 2009 sugere que este tipo de treino é eficaz na diminuição de LDL (18). Ainda mais, treino de peso combinado com actividade aeróbica melhora mais o perfil lipídico que qualquer desses tipos de exercício separadamente.

Exercício  reduz a resposta da catecolaminas (19), melhora a função arterial e endotelial (20,21) e mantém a capacidade metabólica muscular ao longo do envelhecimento (22).
  
Bem-estar
Um estudo publicado em www.cancer.org demonstrou que treino com peso duas vezes por semana durante 6 meses aumentou significativamente a qualidade de vida em mulheres que receberam tratamento para cancro de mama (23). Foram notados melhoramentos em aspectos físicos e psicológicos, concluindo que alterações positivas em força e composição corporal resultaram num maior sentimento de empoderamento.

Treino de pesos pode também reduzir significativamente sintomas de ansiedade (24). Ansiedade está associada a depressão, alterações de humor negativas, distúrbios nos padrões de sono, cansaço, e até flutuações de peso. 

Em pelo menos 4 estudos o treino com pesos teve efeito positivo em níveis de depressão em sujeitos clinicamente depressivos; 18 estudos apresentaram efeitos positivos em sintomas de depressão em adultos saudáveis e adultos com problemas médicos (24).

Saúde mental e cognição

No envelhecimento parece haver um declínio geral na função cognitiva; em adultos mais velhos o treino com pesos pode melhorar vários marcadores cognitivo, o mais notável sendo em memória. O treino é também positivo para a auto-estima, em ambas populações jovens e idosas.

Numa meta-análise o exercício aeróbico combinado com treino com pesos resultou num melhoramento na cognição em adultos mais velhos inactivos comparado com actividade aeróbica sozinha (25).

Treino com peso e actividade aeróbica podem também melhorar a auto-percepção física, distúrbio geral de humor, fadiga, revitalização, tranquilidade e tensão (26).

Treino com resistência é associado a redução de níveis de depressão em idosos; após 10 semanas de exercício, mais de 80% dos idosos deprimidos deixaram de estar clinicamente depressivos (27). 

Benefícios de treino de força na área de saúde mental (28, 29, 30, 31):

1. Melhoramento de memória.
2. Redução do risco de depressão.
3. Menos fadiga crónica.
4. Melhor qualidade de sono.
5. Melhor capacidade cognitiva.
6. Melhor auto-estima.

Envelhecimento

Perdemos músculo enquanto envelhecemos, isto é chamado de Sarcopenia. Sarcopenia, que começa aos 30 anos de idade, leva a um perda de massa muscular de 3-5% por década, com aceleração significante após os 65 anos de idade.

A perda de músculo é acompanhada paralelamente por perda de força. Pensa-se que a causa é uma combinação de:
 
1. Diminuição de níveis hormonais: hormona de crescimento e  factor de crescimento mecânico (32), testosterona (33). Estas hormonas têm uma papel no metabolismo proteico dentro das células musculares o que leva a uma diminuição de massa muscular;
2. Síntese proteica reduzida: redução da capacidade anabólica do corpo;
3. Remodelação de unidades motoras: alterações nos neurónios motores, nervos que iniciam movimento;
4. Alterações no estilo de vida: menor actividade física.

Treino com resistência tem sido demonstrado capaz de afectar positivamente todos estes factores. Por exemplo a síntese proteica melhora significativamente em 2 semanas; há melhor eficiência das unidades motoras (aumento de recrutamento de fibras musculares e produção de força).

Envelhecimento é geralmente acompanhado por perda de massa muscular, perda de força, o que leva a uma redução da capacidade diária. O treino com resistência adia e na verdade até reverte o processo de envelhecimento.  

Treino com resistências em circuito (descanso curto) podem aumentar a densidade mitocondrial e capacidade oxidativa do tecido muscular. Com este treino há uma reversão na deterioração mitocondrial que tipicamente ocorre no envelhecimento. Alterações positivas são observadas em 179 genes associados com envelhecimento e exercício; treino com resistências pode reverter factores de envelhecimento no músculo esquelético, ao reverter essa expressão genética (34).







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Referências:

1. Wen CP, Wai JP, Tsai MK, Yang YC, Cheng TY, Lee MC, Chan HT, Tsao CK, Tsai SP, Wu X. Minimum amount of physical activity for reduced mortality and extended life expectancy: a prospective cohort study. Lancet. 2011 Oct 1; 378(9798):1244-53.
2. Kell, Robert T; Risi, Alaina D; Barden, John M. The Response of Persons with Chronic Nonspecific Low Back Pain to Three Different Volumes of Periodized Musculoskeletal Rehabilitation. Journal of Strength & Conditioning Research: April 2011 - Volume 25 - Issue 4 - pp 1052-1064
3. Andersen LL, Kjaer M, Sogaard K, Hansen L, Kryger AI, Sjogaard G. Effect of two contrasting types of physical exercise on chronic neck muscle pain. Arthritis Rheum. 2008; 59:84–91.
4. Wolff I, van Croonenborg JJ, Kemper HC, Kostense PJ, Twisk JW. The effect of exercise training programs on bone mass: a meta-analysis of published controlled trials in pre- and postmenopausal women. Osteoporosis Int. 1999;9(1):1-12
5. Scott B. Going, Monica Laudermilk Osteoporosis and Strength Training.
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7. Layne JE, Nelson ME. The effects of progressive resistance training on bone density: a review. . Med Sci Sports Exerc. 1999 Jan;31(1):25-30.
8. Fabiana B. Benatti, Bente K. Pedersen. Exercise as an anti-inflammatory therapy for rheumatic diseases—myokine regulation. Nature Reviews Rheumatology (2014).
9. Irvine C, Taylor NF. Progressive resistance exercise improves glycaemic control in people with type 2 diabetes mellitus: a systematic review. Aust J Physiother. 2009;55(4):237-46
10. Barbara Strasser, Wolfgang Schobersberger. Evidence for Resistance Training as a Treatment Therapy in Obesity. Journal of Obesity Volume 2011 (2011), Article ID 482564
11. Borghouts LB, Keizer HA 2000 Exercise and insulin sensitivity: a review. International Journal of Sports Medicine 21:1-12.
12. Kirwan JP, Solomon TPJ, Wojta DM, Staten MA & Holloszy JO 2009. Effects of 7 day s of exercise training on insulin sensitivity and responsiveness in type 2 diabetes mellitus. American Journal of Physiology: Endocrinology and Metabolism 297: E151–E156.
13.Malin SK, Haus JM, Solomon TPJ, Blaszczak A, Kashyap SR & Kirwan JP 2013. Insulin sensitivity and metabolic flexibility following exercise training among different obese insulin-resistant phenotypes. American Journal of Physiology: Endocrinology and Metabolism 305: E1292–E1298.
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15. Kelley GA, Kelley KS. Progressive resistance exercise and resting blood pressure: A meta-analysis of randomized controlled trials. Hypertension. 2000 Mar;35(3):838-43
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