Glutamina e síntese proteica
Alterações nas concentrações musculares de glutamina parecem não ter uma funções reguladora do metabolismo proteico muscular (1). A glutamina falha ao afectar a cinética proteica muscular (2). Não há efeito da suplementação de glutamina na síntese proteica; após a depleção de glutamina há uma resposta mínima a alterações de glutamina disponível no plasma (2).
Alterações nas concentrações musculares de glutamina parecem não ter uma funções reguladora do metabolismo proteico muscular (1). A glutamina falha ao afectar a cinética proteica muscular (2). Não há efeito da suplementação de glutamina na síntese proteica; após a depleção de glutamina há uma resposta mínima a alterações de glutamina disponível no plasma (2).
Usando marcadores isotópicos foi demonstrado que um
aumento de níveis de glutamina plasmática e muscular não teve efeito na cinética proteica (1), e que em voluntários
saudáveis (3) e em crianças com queimaduras (4) não houve efeito do aumento da disponibilidade de glutamina no ritmo de síntese proteica muscular.
Outro estudo também falhou ao
observar qualquer efeito da glutamina no ritmo de síntese proteica (5).
Glutamina e Hormona de Crescimento
A glutamina pode aumentar as concentrações plasmáticas
de arginina e glutamato. A arginina e glutamato têm o potencial de aumentar a
secreção de hormona de crescimento (6). Num único estudo (n=9), 2g de glutamina
oral aumentaram em 4 vezes o valor médio de hormona de crescimento 90min após
ingestão, contudo aumentos significantes foram apenas observados em 4 sujeitos sem resultados estatisticamente
significantes (7). Isto parece também irrelevante dado o facto que 1h de
exercício intenso ou moderado podem aumentar a concentração de hormona de
crescimento em 20 vezes (8); deste modo tomar glutamina com esse objectivo em
mente é simplesmente desperdício de
dinheiro.
Glutamina e Treino com Resistência – Massa Muscular e Performance
Suplementação de 0.9 g/kg de massa magra de glutamina durante 6 semanas não
adicionou nada: os ganhos em massa magra
e força foram os mesmos entre placebo e glutamina (9). Força, torque, massa
magra e 3-metilhistidina aumentaram com o treino sem diferenças significativas
entre grupos. A massa magra aumentou 2% no grupo da glutamina e 1.7% no grupo
placebo. Este estudo concluiu que suplementação com glutamina durante treino
com resistências não tem efeito
significativo em performance muscular, composição corporal ou catabolismo
proteico em sujeitos saudáveis, nem mesmo com 0.9g/kg ou 54g para uma pessoa com 75kg e 20% de gordura (9)! 54g!
Outro estudo indicou que ingestão a curto-prazo de glutamina não aumenta a performance em homens
treinados (10). Não houve diferenças entre o número médio de repetições
máximas executadas na prensa ou exercícios de supino entre os 3 grupos testados.
Uma dose oral de glutamina de 0.3g/kg após o exercício atenuou a perda de força a curto-prazo
(período de 1 hora) após uma sessão de treino
excêntrico (11). Os participantes executaram 100 saltos verticais de 0.6m e
a dor muscular foi significativamente menor ao longo de 96h com suplementação
de glutamina, resultando numa maior preservação do torque durante um período de
96h. Isto pode sugerir que a suplementação com glutamina durante períodos de
exercício intenso pode acelerar a
recuperação da força muscular (10,12).
Também não foi encontrado qualquer efeito ergogénico
ao se consumir uma dose aguda de 0.03g/kg de massa corporal 90 minutos antes de
5 séries de testes de 60s em bicicleta
ergométrica a 100% VO2 max (13).
Contudo, outro estudo testou uma dose de 0.1g/kg de glutamina durante 4 semanas e
não observou qualquer efeito na dor muscular percebida e perda de força 24 e
48h após exercício excêntrico (14). A dose foi menor que no estudo anterior
(0.1 vs 0.3g/kg), o protocolo de exercício foi diferente com extensões de
quadríceps excêntricas a 75%RM vs. saltos verticais, e este estudo suplementou
antes e após os treino vs. apenas pós-treino. Estes factores podem explicar as
diferenças entre os resultados.
Outro estudo também resultou em menores dores
musculares após suplementação antes e depois do treino, mas os participantes
receberam um suplemento com 3.6g com 12 aminoácidos (incluindo L-glutamina) e não apenas glutamina (15).
Glutamina e Diferenças Sexuais
Os benefícios da suplementação oral de glutamina nas
mulheres é actualmente desconhecido. Os estudos anteriores (11,14) usaram
homens apenas. Outro estudo testou homens e mulheres e observou um aumento
da concentração plasmática e diminuição
das concentrações de amoníaco e mulheres apenas após três sprints de de 30s na
Wingate (16).
Os autores sugeriram que “a menor concentração de
amónia em mulheres após os sprints parece ser explicado por uma menor acumulação de amoníaco no
músculo-esquelético e pela remoção de amoníaco na forma de glutamina em
mulheres. A maior redução de leucina plasmática em homens parece ser relacionado com um maior aumento de amoníaco no
músculo após os sprints” (16). Isto indica que as mulheres podem não beneficiar ao mesmo grau da glutamina oral que os
homens.
Outro estudo também suplementou com 0.3g/kg de glutamina mais 0.3g/kg de maltodextrina uma vez por dia durante 72h. O exercício consistiu em 8 séries de 10 repetições de extensões de joelho unilaterais excêntricas (125% RM concêntrico) com 2 minutos de descanso entre séries. A suplementação com glutamina resultou em recuperação de torque mais rápida e menor dor muscular após exercício excêntrico. Em adição, os resultados também indicam que o efeito na recuperação de força pode ser maior em homens que em mulheres (17).
Outro estudo também suplementou com 0.3g/kg de glutamina mais 0.3g/kg de maltodextrina uma vez por dia durante 72h. O exercício consistiu em 8 séries de 10 repetições de extensões de joelho unilaterais excêntricas (125% RM concêntrico) com 2 minutos de descanso entre séries. A suplementação com glutamina resultou em recuperação de torque mais rápida e menor dor muscular após exercício excêntrico. Em adição, os resultados também indicam que o efeito na recuperação de força pode ser maior em homens que em mulheres (17).
Pontos a memorizar:
1. A pool de aminoácidos (130g) é muito restritamente
regulada pelo metabolismo (18), medições sob uma variedade de condições têm
resultados semelhantes (19,20).
2. Adicionar umas gramas extra de glutamina para
aumentar os níveis de glutamina no músculo é fútil.
3. A concentração de cada aminoácido dentro de uma
célula é altamente regulada por mecanismos biofísicos e bioquímicos (19).
4. A maioria da glutamina é absorvida e usada pelo
intestino.
5. Geralmente não tomamos glutamina via parenteral.
6. Poderá ser útil para atletas de resistência quando
demonstram níveis suprimidos (21), e as hormonas catabólicas podem influenciar
as concentrações de glutamina(19). Neste caso a suplementação com glutamina
pode prevenir o declínio mas não irá aumentar para valores fora do normal.
7. A glutamina é classificada como “aparentemente
ineficaz” (22).
8. Não há evidências para aumento de massa muscular,
melhor composição corporal e síntese proteica (11).
9. Pode ajudar na recuperação da força durante períodos de
exercício intenso, e o efeito na recuperação de força pode ser maior em homens que em mulheres.
Gostarias de saber mais? Subscreve!
Referências
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Damink SW, de Blaauw I, Deutz NE, et al: Effects in vivo of decreased plasma
and intracellular muscle glutamine concentration on whole-body and hindquarter
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