Mecanismos de Hipertrofia [1/3] – Tensão Mecânica, Estratégias e Técnicas de Treino


Três factores são responsáveis para a iniciação da resposta hipertrófica ao treino com resistência: tensão mecânica, danos musculares e stress metabólico (1-5).

O que faz os músculos crescerem é sabido desde 1975 (6). É sugerido que um aumento no desenvolvimento da tensão (passiva ou activa) é o evento crítico na iniciação de crescimento compensatório (6).



Tensão Mecânica

Tensão mecânica parece ser a força primária para a resposta hipertrófica (6), tensão mecânica só por si pode resultar em hipertrofia muscular (7). Aumento do desenvolvimento da força é o evento crítico na iniciação de crescimento muscular compensatório (6,8,9,10).

Forças mecânicas são convertidas em sinais químicos num processo chamado de mecanotransdução. Isto causas respostas moleculares e celulares nas miofibras e células satélite (119, e esse stress mecânico só por si pode estimular directamente o mMTOR (iniciação da síntese proteica) (12,13). Stress mecânico tem um papel crítico tem um papel crítico nos processos de hipertrofia muscular. Por exemplo, há um maior aumento em actividade muscular durante as acções excêntricas com treino efectuado com ergómetro (sobrecarga excêntrica) (14).

Num estudo o aumento da actividade muscular foi associado com um aumento de 11% em força e 6% e massa muscular (15), sugerindo que o stress mecânico têm um papel fundamental nos processos hipertróficos.

Força e adaptações

Sobrecarga mecânica é o estímulo crítico para aumentar a força e tamanho muscular (16). Ganhos em força são específicos para o movimento treinado (37). Mais ainda, ganhos de força são devido a uma combinação de hipertrofia muscular e adaptações neurológicas (17,38). Por sua vez, adaptações neurológicas são em grande parte específicas ao movimento e carga usados no treino (38).
Contudo, alterações em tamanho muscular são mais pequenas e mais lentas que as alterações em força (18). Interessantemente, algumas rotinas de treino com resistência que resultam em elevada tensão muscular induzem adaptações neuronais sem hipertrofia resultante (19,20).

A força é aumenta num grau maior com treino de alta intensidade (21,22,39), mesmo quando a hipertrofia do músculo todo é comparável (23,39).

Estratégias de Treino

1. Intensidade

Intensidade (de carga) tem um impacto significante na hipertrofia. Isto refere-se geralmente a uma percentagem da repetição máxima (1RM) em relação ao número de repetições que podem ser efectuadas com essa percentagem.

Repetições podem ser classificadas em 3 intervalos básicos: baixas (1-5), moderadas (6-12) e altas (15 ou mais). Diferentes sistemas de energia são usados em cada intervalo. Por exemplo, o sistema de fosfocreatina é usado em repetições baixas, e a glicólise anaeróbica em séries com repetições moderadas (24). Ambas repetições baixas e altas resultam em resposta hipertrófica. Contudo um intervalo moderado (6-12) optimiza a resposta (1,25,26,27).

Evidências sugerem que existe um limiar máximo para a hipertrofia induzida por tensão, acima do qual factores metabólicos tornam-se mais importantes que aumentos de carga adicionais (1).

2. Intervalo de Descanso

Tensão mecânica é maximizada por longos períodos de descanso, contudo à custa de stress metabólico (1,28,29), o que atenua a resposta hipertrófica máxima.

Tal como com os intervalos de repetição, intervalos de descanso podem ser classificados em 3 categorias: curtos (30 segundos ou menos), moderados (60-90s), e longos (3 minutos ou mais).

Descansos curtos não permitem tempo suficiente para reganhar a força muscular, e impede a performance muscular nas séries seguintes (30,31). Por outro lado, longos intervalos de descanso permitem total recuperação da força entre as séries, promovendo a capacidade total para as séries seguintes (32).

3. Tempo sob Tensão

Tempo sob tensão e outra estratégia para stress mecânico. Contudo para prolongar o tempo sob tensão numa série a intensidade de carga tem de diminuir. Aumentar e manter uma tensão contínua ao longo de uma série pode aumentar o potencial para causar microtrauma e fadiga. As fibras lentas beneficiam de tempo sob tensão. Tempo sob tensão tem sido demonstrado estimular crescimento optimal (33).

4. Velocidade da Repetição

Evidências sugerem que repetições mais rápidas são mais benéficas para hipertrofia. Executar acções concêntricas numa cadência de 1 segundo vs. 2 segundos tem uma maior impacto em tamanho muscular em homens idosos (34). Treinar com velocidades muito lentas (treino super-lento) foi demonstrado ser suboptimal para o desenvolvimento de força e hipertrofia (1,35,36).

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Referências:

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