Stress metabólico pode também ter um efeito hipertrófico significante.
Stress metabólico refere-se a acumulação
de metabólitos da glicólise anaeróbica para produção de ATP.
Metabólitos como lactato, creatina
e iões de hidrogénio acumulam-se (1,2,3), e causam um stress metabólico
substancial. Há aumentos de lactato no sangue, lactato intramuscular, glicose e
glicose-6-fosfato (1,3,4) com um impacto significante em processos anabólicos
(5).
Glicólise
A glicólise extrai energia química ao oxidar glicose
para piruvato. A glicose é oxidada para formar duas moléculas de piruvato. Grande
parte da energia permanece armazenada nas duas moléculas de piruvato.
As células usam moléculas chamadas
transportadoras de electrões como agentes oxidativos. O mais importante é um
composto chamado de nicotinamida
adenina dinucleotídeo (NAD).
NAD existe como NAD+, que tem carga positiva,
e NADH que é a forma reduzida. O H em NADH é um ião de hidrogénio adicionado, que vem junto quando a molécula
apanha dois electrões adicionais.
NAD captura electrões da glicose através de enzimas chamadas Desidrogenases. Desidrogenases removem
átomos de hidrogénio de substratos orgânicos (glucose=C6H12O6).
Desidrogenases essencialmente removem dois electrões e
dois protões (o mesmo que dois átomos de hidrogénio) do substrato. Dois desses
electrões e um protão é entregue a
NAD+ (formando NADH), e o outro protão é libertado. Assim, para cada dois
átomos de hidrogénio tirados da glicose um ião de hidrogénio é libertado
(existem também outras reacções a libertar iões de hidrogénio ou protões).
Electrões libertados da oxidação da glucose formam duas moléculas de NADH. A
glicólise ocorre quer haja ou não Oxigénio presente. Se oxigénio está presente o
piruvato e NADH são oxidados (oxidação de piruvato) e entra na mitocôndria,
onde a oxidação da glicose é completada.
Contudo, fermentação e
respiração anaeróbica permite que as células produzam ATP sem o uso de
oxigénio. Fermentação é uma extensão da glicólise, mas deve haver uma
quantidade suficiente de NAD+ que é reciclado de NADH sob condições aeróbicas. Uma
alternativa anaeróbica é transferir
electrões de NADH para piruvato, que forma lactato.
Glicólise é estimulada pela própria contracção muscular. Quanto mais rápidas
as contracções mais rápidas as reacções dessa via metabólica. A velocidade da
via é controlada pela enzima fosfofrutoquinase.
Ácido láctico
A glicólise começa com glicose
ou glicogénio, e termina com
piruvato após 10 ou 9 passos respectivamente. O que quer que aconteça com
piruvato é outro processo além da glicólise.
Ácido láctico é um sub-produto da glicólise (6), e é fortemente associada com a
libertação de testosterona e hormona de crescimento (7,8,9), contudo aumentos
agudos têm um efeito negligenciável na hipertrofia (10,11). A energia do
sistema de ácido láctico é maximizada quando se faz entre 30-120s de trabalho,
quanto mais activa a enzima lactato
desidrogenase maior a acumulação de lactato.
Durante a fermentação de ácido láctico
o piruvato é reduzido directamente por electrões de NADH para formar lactato
(lactato é a forma ionizada de ácido láctico). As células do músculo criam ATP através de fermentação quando o oxigénio é escasso. Isto ocorre
durante exercício intenso, os músculos podem estar a decompor açúcar pela
glicólise tão rápido que a NADH não o consegue oxidar rápido o suficiente, neste
ponto as células trocam da respiração aeróbica para anaeróbica (fermentação).
Acumulação de lactato no sangue
Com fornecimento e utilização inadequados de oxigénio todos os hidrogénio
formados na glicólise rápida não são oxidados, então piruvato converte-se para lactato na reacção química: piruvato + 2H ─>Lactato.
Lactato forma-se enquanto os hidrogénios em excesso produzidos durante a glicólise
se juntam ao piruvato. Lactato é removido ao ser transformado em piruvato no citoplasma para entrar na mitocondria
(fig. 1). Na mitocôndria o piruvato
converte-se para acetilcoenzima-A para entrar no ciclo
do ácido cítrico ou ciclo de krebs, ou ainda chamado de ciclo tricarboxílico,
para o metabolismo de energia aeróbico.
A formação de lactato continua a aumentar em níveis de exercício intensos
quando o músculo não consegue energia adicional aeróbicamente.
As fibras musculares lentas e rápidas têm diferentes
densidades de mitocôndria e assim diferentes ritmos de remoção de lactato. As fibras
mais lentas têm mais mitocôndria que as rápidas, assim as fibras rápidas têm menos capacidade para lidar com o lactato
produzido, promovendo a acumulação.
A velocidade da reacção (produção de lactato) é
directamente correlacionada com o ritmo catalítico da enzima que controla o
processo – lactato desidrogenase. Esta enzima é responsável pela produção de lactato
do piruvato, que transfere dois hidrogénios para piruvato para formar ácido
láctico. Quanto mais rápida a glicólise mais rápida a acumulação de ácido
láctico (12). Um aumento em piruvato vai derradeiramente levar a um aumento na
acumulação de lactato.
Outros usos
para o lactato
Grande parte do lactato acaba por ser oxidado pelo
ciclo do ácido cítrico dentro da mitocôndria. Contudo, algum lactato é também
libertado para o sangue e entra no fígado onde é convertido de volta a piruvato e sintetizado de volta a glicose
através das reacções gliconeogénicas do Ciclo
de Cori. Esta glicose do lactato pode voltar ao músculo esquelético para o
metabolismo energético ou ser sintetizado em glicogénio para armazenamento.
Acidose
O maior ambiente ácido pode mediar uma maior resposta hipertrófica ao
aumentar a degradação das fibras e maior estimulação de actividade simpática
(24).
Contudo, não é o lactato que causa a acidez na célula, não há nenhum
suporte bioquímico para a produção de lactato causar acidez (25,26). De facto,
a produção de lactato retarda, não causa, a acidez. Acidez é causada por outras
reacções tais como acumulação de protões (iões de hidrogénio) na célula.
Protões são usado para a respiração mitocôndrial (fosforilação oxidativa).
Quando a intensidade de exercício aumenta para além de um certo valor, a
libertação de protões aumenta e causa acidez. Acidez metabólica é causada por
uma crescente dependência de formação de ATP não-mitocôndrial.
A libertação de protões na glicólise é associada
com a hidrólise de ATP na Hexoquinase
(tornando-se glicose-6-fosfato) e com as reacções da fosfofrutoquinase, tal como a oxidação de Gliceraldeído-3-fostato na reacção de Gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase (25). Estes são
os protões relevantes para a acidez.
O uso de glicogénio como substrato primário (glicogenólise) difere da
glicólise ao saltar a primeira reacção e assim partilha das restantes 9
reacções. A libertação de protões de
glicólise difere dependendo se a glicose ou glicogénio é usado para formar
glicose-6-fosfato e alimentar a glicólise (25).
Para a produção de 2 piruvatos há uma libertação de 2 protões quando a glucose
é a fonte, e 1 protão quando o glicogénio
é a fonte. Usar glicogénio como fonte em vez de açúcar do sangue é menos acidificante
para o músculo durante exercício intenso (25).
Inchaço celular
Stress metabólico e series com repetições moderadas
aumenta o volume de sangue no músculo o que pode facilitar a hidratação
miofibrilar (13). O bombeamento e acumulação resulta através do colapso de veias enquanto as
artérias continuam a fornecer sangue aos músculos, fazendo com que o fluxo de
sangue volte para trás e hidrate o tecido. Este processo pode inibir a proteólise
(catabolismo proteico), e aumenta o anabolismo ou ritmos de síntese (14,15,16).
Inchaço celular inibe o catabolismo e estimula a síntese proteica, e o
encolhimento celular faz o oposto. O inchaço é um sinal anabólico e o
encolhimento é um sinal catabólico (16).
Isquemia
Isquemia é a restrição de sangue aos tecidos, causando uma falta de oxigénio
e glicose necessários para trabalho biológico. Isquemia muscular também causa
stress metabólico, e ainda mais se for a par de glicólise anaeróbica (1,17,18).
Este stress metabólico aumenta o ambiente hormonal, causa inchaço celular,
produção de radicais livres, e aumento de actividade de factores de transcrição
de crescimento (1,19,20,21).
Hipoxia
Hipoxia é a redução de oxigénio. O treino com resistência sob hipoxia
sistémica leva a maiores aumentos em massa muscular (22), resistência muscular
e angiogénese (novos vasos
sanguíneos) no músculo esquelético (23). Sabe-se que o Factor de Crescimento do Endotélio Vascular (VEGF) tem um papel crítico no
aumento de angiogénese. Há aumentos de concentrações de VEGF no plasma, e
aumento no rácio de capilares:fibras – hipoxia sistémica aumenta a capilarização
do músculo (23).
Hipoxia aumenta a acumulação de lactato e reduz o ritmo de remoção (1,22),
contribuindo para o inchaço que tem sido demonstrado aumentar a síntese proteica
(16).
Isquemia produz hipoxia, contudo hipoxia pode ocorrer sem isquemia, como
por exemplo e treino de alta altitude.
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Referências:
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