Compreender Pesquisa Científica [1/2]: Como Ler um Estudo e Interpretar Resultados




Uma mente céptica está sempre consciente que a pesquisa científica é progressiva, e que novas descobertas estão constantemente a emergir e pode ser usadas para alterar o actual.

A habilidade de interpretar e avaliar a pesquisa no seu contexto é crítico no processo de compreender os resultados. Todos os estudos dependem do seu próprio contexto. 

Este é um ponto crucial e a razão pela qual o público pode ficar confuso por estudos aparentemente contraditórios. Por exemplo, 2 estudos podem aparentemente contradizer-se e serem ambos válidos, sob circunstâncias diferentes.

A pesquisa tem um papel importante no avanço de qualquer profissão ou processo de tomada de decisão. Este processo deve seguir leis científicas, princípios e conceitos derivados da pesquisa científica. Estes princípios, teorias e conceitos estão todos sujeitos a alterações com a emergência de nova pesquisa. 

Artigos científicos estão constantemente a serem publicados. Nova pesquisa pode e deve produzir mudanças na abordagem a um problema, deste modo é importante manter o olho aberto e mente aberta e ser livre de qualquer pensamento dogmático e fundamentalista. Estar actualizado permite-nos estar na vanguarda do conhecimento e melhorar qualquer prática, profissional ou outra. No final, a pesquisa aumenta a nossa compreensão sobre um determinado assunto.


Introdução

A primeira secção de qualquer manuscrito científico é a introdução onde os autores desenvolvem a hipótese testada pelo seu design. Com este propósito em mente, uma revisão concisa e curta da literatura científica é delineada como base do desenvolvimento da sua hipótese específica. 

Esta introdução indica o contexto e relevância do estudo. Potenciais críticas ao problema, hipóteses, ou métodos devem ser também delineados. 

Métodos

Esta secção é bastante importante para compreender como uma determinada hipótese foi testada e o design executado, e oferece possivelmente informação valiosa para outros cientistas replicarem o estudo, ou fazerem melhoramento. Esta secção de métodos deve explicar a abordagem ao problema, e o design da pesquisa para testar a hipótese apresentada na introdução. 

Informação detalhada e específica é apresentada sobre o tipo de sujeitos, equipamento usado, explicações para os procedimentos, e como reuniram dados e aplicaram análise estatística para testar a sua hipótese.

Variáveis independentes para o design de estudo e variáveis dependentes são também explicadas em detalhe, tal como a lógica da sua escolha. Todos os procedimentos devem ser explicados em grande detalhe para que outros possam replicar o estudo.

Esta secção termina geralmente com comentários sobre os procedimentos estatísticos  usados par analisar os dados gerados. Finalmente, a significância estatística é definida (P ≤ 0.05.)

Resultados

A secção de resultados pode ser o mais importante se o design e métodos forem fortes. As observações são apresentadas como médias e desvios do padrão. Contudo como os participantes não respondem igualmente, dados individuais, se possível, devem ser também apresentados.



Discussão

Aqui os autores salientam a importância da publicação. Eles interpretam os resultados e relacionam com a literatura científica, dando contexto e significado. As forças e fraquezas do estudo devem ser expressas tais como sugestões para futura pesquisa. Novas questões podem emergir do estudo que podem ser sujeito de pesquisa adicional.
  

Um relatório bem substanciado é tão vital como um design de estudo bem feito (1). Um relatório coeso, sólido e bem discutido pode ser tão necessário como um design adequado, e se não for mais importante. Um estudo original de alta qualidade precisa de uma boa dose de interpretação e discussão.

A publicação não deve ser pobremente escrita e as frases na introdução e discussão devem ser suportadas por referências/evidências. Fazer uma alegação científica sem suporte pode ofuscar as linhas distintas entre factos científicos/teorias e ideias/teorias não provadas.

Contexto e aplicações práticas

No final, o objectivo é extrair informação relevante para melhorar o processo de decisão, métodos e ou técnicas, com os dados mais actuais possíveis.

Devemos compreender que os resultados de um estudo relacionam-se com o seu contexto, situação ou condições específicas estudas. Pôr a pesquisa em contexto adequado é crucial no processo de a traduzir para aplicações práticas.

Torna-se assim também importante compreender o contexto do estudo que é relacionado com variáveis independentes e dependentes.  

Variáveis independentes e dependentes

Variáveis independentes são factores controlados ou seleccionados a serem constantes. Estas variáveis podem ser manipuladas para se ver se elas conseguem ou não alterar as respostas das variáveis dependentes e se possível compreender a sua influência.

Uma variável de confundimento é uma variável não controlada mas com um efeito independente. Esta falta de controlo pode ofuscar a interpretação dos resultados. Idealmente as variáveis independentes (sexo, idade, estatuto de treino, temperatura, ingestão nutricional...) do estudo deve ser adequada à situação e população estudada o mais possível, desta forma tais resultados podem ser aplicados a uma situação ou população específica.

Uma variável dependente é medida em resposta a um conjunto de variáveis independentes no design de estudo. Estas variáveis não podem ser controladas, contudo servem como a variável resultante do estudo. 

A validade e fiabilidade de uma variável é também importante. Uma  medição só tem validade se foi realmente medido o que era suposto medir. Fiabilidade por outro lado relaciona-se com a consistência da medição, a consistência dos valores das medições repetidas. A variação não deve ser maior que 5% entre dois valores para a medição ser precisa. Ritmo cardíaco, temperatura, consumo de oxigénio, são alguns exemplo de variáveis dependentes.

As variáveis independentes podem ser imensas, assim todos os estudos dependem do seu contexto, como salientado anteriormente.

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Referências:
 
1. Vahid Rakhshan. A well-substantiated report is as vital to science as is a well-designed study. J Pharm Bioallied Sci. 2013 Oct-Dec; 5(4): 330.