Dieta Bem Sucedida [5/5]: Qual O Melhor Ritmo De Perda De Peso?

A composição da perda de peso é importante. Apesar de défices calóricos maiores resultarem em maior perda de peso, esta estratégia também faz perder mais massa magra que programas de perda de peso mais lentos, devido ao grau de défice calórico maior, e outros factores. 

Por exemplo, treino com pesos ou dietas hiperproteicas podem modificar a proporção de peso perdido vindo da gordura corporal versus massa magra (1,2,3).


A massa magra é perdida junto com gordura corporal durante perda de peso (4,5). Enquanto o défice calórico aumenta o peso vindo da massa magra também tende a aumentar (6,7,8). Como argumentei antes no início desta série sobre deita bem sucedida, nem todas as dietas podem ser consideradas bem sucedidas, a importância de preservar a massa magra durante uma dita é crucial. O rácio de gordura corporal para massa magra deve ser alto, por exemplo 80% de gordura e 20% de massa magra.

Quanto maior a massa gordura inicial, maior é o défice energético cumulativo necessário para produzir uma determinada perda de peso. Isto tem implicações para as mulheres pois têm tipicamente mais gordura corporal que os homens de peso total similar, e isto pode explicar porque os homens têm mais facilidade em perder mais peso que mulheres com o mesmo défice energético (6). Não obstante, maior perda de peso é associado com um défice energético cumulativo menor significando que ao longo do tempo mais peso é perdido com o mesmo grau de défice energético. (6).

Outro facto a terem em mente é que a perda de peso abranda ao longo do tempo numa dieta constante prescrita (6,9), sugerindo que ou o dispêndio energético diminui ao longo do tempo, ou se perde adesão à dieta, ou ambos (o mais provável) (6).

O défice energético está relacionado com o ritmo de perda de peso por semana.

Um estudo comparou
alterações em composição corporal, força e potência durante perda de peso a um ritmo semanal de 0.7 % (SR) vs. 1.5%  (FR) de peso total (8). Vinte e quatro atletas seguiram uma deita hipocalórica com o objectivo de perdem o peso desejado por semana. Consumiram cerca de 1.2-1.8g/kg de proteína, 3.2-3.6g/kg de hidratos de carbono (54-55.5%) e ≥20% de gordura.


O peso corporal diminuiu em 5.6% e 5.5% (0.7 % e 1.5% por semana) nos dois grupos, e a massa gorda também diminuiu em 31% e 21. A massa magra aumento no grupo SR (0.7% por semana) e ficou inalterada no grupo FR.

Os resultados mostram que um ritmo de 0.7-1.4% de peso perdido por semana, com exercício, não causa perda de massa magra (8).

Outro estudo pelos mesmos autores examinou o efeito do ritmo de perda de peso a longo-prazo na composição corporal e perforamance em 23 atletas de elite, 6 e 12 meses após 2 intervenções de perda de peso ao ritmo de 0.7% ou 1.4% por semana (10).

O peso total desceu em 6% para ambos os grupos durante a intervenção mas não foi diferente do inicial após 12 meses. A massa gorda desceu mais no grupo SR (31%) que no grupo FR (23%) mas também não foi diferentes do inicial após 12 meses. A massa magra e força aumentou mais no SR (2.0% e 12%, respectivamente) que no FR (0.8% e 6%, respectivamente) durante a intervenção, mas após 12 meses não houve diferenças significativas entre os grupos em composição corporal e performance.

Não foram observadas diferenças significativas entre os grupos após 12 meses comparado com os valores iniciais, sugerindo que o ritmo de perda de peso não é o factor mais importante para manter a composição corporal e performance após perda de peso em atletas de elite (pelo menos até 1.4% por semana) (10).

Noutro estudo de ritmos de perda de peso em mulheres treinadas, perdas de 1kg ao longo de 4 semanas resultaram numa decréscimo de 5% na força de supino e 30% menos testosterona comparado com 0.5kg de peso perdido por semana (11).

Ritmos de perda de peso entre 0.5-1.4% por semana são aconselháveis para manter a perda de massa magra no mínimo, a par de uma dieta hiperproteica e treino com pesos.

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Referências

1. Hansen D, Dendale P, Berger J, van Loon LJ, Meeusen R. Sports medicine. Vol. 37. Auckland, NZ: 2007. The effects of exercise training on fatmass loss in obese patients during energy intake restriction; pp. 31–46
2. Layman DK, Evans E, Baum JI, Seyler J, Erickson DJ, Boileau RA. Dietary protein and exercise have additive effects on body composition during weight loss in adult women. The Journal of nutrition. 2005;135:1903–1910.
3. Stiegler P, Cunliffe A. Sports medicine. Vol. 36. Auckland, NZ: 2006. The role of diet and exercise for the maintenance of fat-free mass and resting metabolic rate during weight loss; pp. 239–262.
4. Forbes GB. Lean body mass-body fat interrelationships in humans. Nutrition reviews. 1987;45:225–231.
5. Forbes GB. Body fat content influences the body composition response to nutrition and exercise. Annals of the New York Academy of Sciences. 2000;904:359–365.
6. Hall KD: What is the required energy deficit per unit weight loss? Int J Obes 2007, 32:573–576.
7. Hall KD: Body fat and fat-free mass inter-relationships: Forbes's theory revisited. Br J Nutr 2007, 97:1059–1063.
8. Garthe I, Raastad T, Refsnes PE, Koivisto A, Sundgot-Borgen J: Effect of two different weight-loss rates on body composition and strength and power-related performance in elite athletes. Int J Sport Nutr Exerc Metab 2011, 21:97–104.
9. Heymsfield SB, Harp JB, Reitman ML, Beetsch JW, Schoeller DA, Erondu N, et al. Why do obese patients not lose more weight when treated with low-calorie diets? A mechanistic perspective. The American journal of clinical nutrition. 2007;85:346–354.
10. Garthe I1, Raastad T, Sundgot-Borgen J. Long-term effect of weight loss on body composition and performance in elite athletes. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2011 Oct;21(5):426-35. Epub 2011 Aug 29.
11. Mero AA, Huovinen H, Matintupa O, Hulmi JJ, Puurtinen R, Hohtari H, Karila T. Moderate energy restriction with high protein diet results in healthier outcome in women. J Int Soc Sports Nutr 2010, 7:4.