Novas Necessidades Proteicas Para Culturistas


Um novo estudo procurou avaliar as necessidades proteicas ao nível do corpo todo com a técnica IAAO, em 8 indivíduos com mais de 3 anos de experiência de treino.
 
A RDA para a proteína está estabelecida em 0.8g/kg como a ingestão mínima para evitar deficiência proteica para 97.5% da população saudável acima dos 19 anos (1). Acreditem ou não, a RDA foi até avançada como apropriada para adultos saudáveis envolvidos em exercício com resistência e de resistência (2).

A RDA representa a média estimada mais 2 desvios padrão (3), determinada através de estudos com balanço azotado dos quais muito poucos incluíram indivíduos mais velhos (4,5).

Os estudos de balanço azotado sofrem de várias preocupações metodológicas (6-10). Além da necessidade não muito prática de períodos de adaptação de 7-10 dias necessários para produzir dados mais precisos para cada uma das diferentes ingestões proteicas (6), o uso de regressão linear para analisar dados não lineares não é adequado a este objectivo (6,8,11). 

Há também uma sobrestimação ou subestimação da ingestão de azoto e excreção, respectivamente (6,12). Mais além, o equilíbrio de azoto parece ser alcançável com baixa ingestão proteica em estudos com duração curta muitas vezes usados devido a maior eficiência na utilização de aminoácidos (AAs), ritmos metabólicos proteicos reduzidos e ou acomodação (3,13,14,15),

Melhores métodos tais como o método indicador de oxidação de aminoácidos (IAAO) mostra que a RDA subestimou as necessidades proteica em 30-50% (16,17,18). A técnica IAAO identifica o ponto de estagnação na oxidação de aminoácidos que correspondem ao ritmo máximo de síntese proteica do corpo todo.

Quando a ingestão proteica é inadequada a oxidação de todos os aminoácidos, incluindo o aminoácido indicador, é substancial (6). Com aumento de ingestão proteica a oxidação do aminoácido indicador diminui porque mais aminoácidos estão a ser incorporados na proteína do corpo e quando as necessidades proteicas sejam cumpridas não há mais alterações na oxidação do aminoácido indicador e o “ponto de interrupção” resultante pensa-se que seja a dose necessária (6,10). A metodologia de marcadores de isótopos é considerada uma técnica bem mais precisa, e o IAAO foi considerado um método aceitável para avaliar as necessidades proteicas em 2005 (1,6).

Uma ingestão de 0.93-1.2g/kg, excedendo as recomendações actuais em quase 50%, foi desvendada em homens usando a técnica IAAO (18). Os resultados foram comparáveis aos estimados pela aplicação de um modelo bifásico de regressão linear aos dados de estudos com balanço azotado (0.91-1 g/kg) (18).

Não obstante, os poucos estudos com balanço azotado em culturistas têm resultados variáveis, e até mesmo balanço muito positivo de azoto (3.8-20g/dia) com ingestão proteica de 1.8-2.7g/kg observados em homens envolvidos num programa de  treino de peso rigoroso não resultou no esperado ganho de massa isenta de gordura (3,6,19,20). Por exemplo, um balanço positivo de azoto (12–20 g/dia) com 2.8g/kg de proteína devia produzir 300-500g de massa magra por dia, contudo isso não foi observado (20).

O uso da técnica de isótopos estáveis identificou 4 estados metabólicos proteicos diferentes (6,14,15,21,22):

1. “Deficiência proteica” definida como a redução máxima na síntese proteica em todos menos os órgãos essenciais;
2. “Acomodação’’ no qual o equilíbrio é alcançado via uma diminuição de processos fisiológicos relevantes;
3. “Adaptação” no qual o crescimento óptimo, trocas de aminoácidos intre órgãos e função imunitária estão presentes, e;
4. “Excesso”, o qual é caracterizado pela oxidação de aminoácidos para energia e excreção de azoto via ureia, não resultando em mais estimulação de síntese proteica (15).

Independentemente da idade, quando ingestão proteica próxima da RDA é combinada com treino com pesos, a acomodação resulta de um aumento da eficiência na utilização de azoto e menores ritmos de síntese proteica no corpo todo em vez de adaptação (6,19,21,23).

As recomendações actuais para culturistas variam entre a RDA de 0.85g/kg (16) a 2.0g/kg (24).

Durante o exercício há um aumento da oxidação de aminoácidos (1-5% do gasto calórico total do exercício), aumento de catabolismo e síntese proteica muscular (25,26,27). Falta de recuperação é também outra preocupação (25,28).

Necessidades proteica para culturistas em dia de descanso

Um novo estudo procurou avaliar as necessidades proteicas ao nível do corpo todo com a técnica IAAO, em 8 indivíduos com mais de 3 anos de experiência de treino (6). Os participantes tinham uma média de 84 kg de peso total,  72.4kg de massa magra, e um índice de massa isenta de gordura de 24.

Mediram a oxidação em repouso de L-[1-13C]fenilalanina num dia sem treino com várias ingestões proteicas abaixo e acima do actual recomendado (6).


Um ponto de interrupção foi observado em 1.7g/kg (necessidade proteica). Ao usarem esses dados, os pesquisadores estimaram que o RDA para culturistas seria de 2.2g/kg, o que é 2.6 vezes maior que a recomendação actual de 0.8g/kg (6), que é 23% maior que os resultados reportados anteriormente para culturistas usando o método de balanço azotado (3,19).

Uma meta-análise de 22 RCTs com 680 sujeitos envolvidos em exercício com peso também indicou um benefício de ingestão proteica acima da RDA em ambos jovens e idosos (29). Especificamente, a suplementação de 50 ± 32 g proteína/dia em cima da ingestão habitual e 1.2g/kg ( total de 1.8g/kg) aumentou a massa isenta de gordura e força (29).

Outro estudo também observou que 1.9g/kg comparado com 1.3g/kg resultou em mais massa muscular, força e tamanho das fibras musculares em homens jovens (22 ±1 anos), após 12 semanas (30).

Estatuto de Treino

Este estudo usou sujeitos treinados e sendo assim os resultados não devem necessariamente ser aplicados a novatos porque é sabido que o ritmo de ganho de massa muscular diminui com a experiência de treino (6).

Por exemplo, usando o velho método de balanço de azoto, sujeitos com menos de 1 anos de treino tinham uma necessidade proteica de 1.4g/kg (3,20) e sujeitos treinados tinha uma necessidade mais baixa de 0.82g/kg (20). Estes 70% de maior necessidade proteica em novatos foram atribuídos, pelo menos em parte, a um maior ritmo de acreção de massa muscular em novatos (6).

Interessantemente, a diferença na massa isenta de gordura entre sedentários e treinados como neste estudo pode ser de 16kg em favor dos sujeitos treinados (6).

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Referências

1. Institute of Medicine. 2005. Dietary Reference Intakes for energy, carbohydrates, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein and amino acids. Washington, DC: The National Academies Press.
2. Food and Nutrition Board, Institute of Medicine. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat, fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids. Washington, DC: National Academy Press, 2002
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4. Phillips SM, Chevalier S, Leidy HJ. Protein "requirements" beyond the RDA: implications for optimizing health. Appl Physiol Nutr Metab. 2016 May;41(5):565-72. doi: 10.1139/apnm-2015-0550. Epub 2016 Feb 9.
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